sábado, 4 de junho de 2016

Mulher Maravilha: Bondage, Menage e Objetificação feminina



Olá, habitantes da Via Láctea!

Hoje estou trazendo uma discussão sobre a objetificação feminina nas histórias em quadrinho.

Certo... Quando falamos de objetificação do corpo feminino estamos nos referindo à banalização da imagem da mulher, ou seja: a aparência das mulheres importa mais do que todos os outros aspectos que as definem enquanto indivíduos.

“A objetificação, termo cunhado no início dos anos 70, consiste em analisar um indivíduo a nível de objeto, sem considerar seu emocional ou psicológico.”

A objetificação está presente nos mais diversos setores da sociedade. Um exemplo clássico é a forma como a mulher é retratada em peças publicitárias. Em muitas campanhas, com destaque para as de cerveja, mulheres são estereotipadas e hipersexualizadas.  Em pesquisa recente do Instituto Patrícia Galvão e Instituto Data Popular, 84% dos respondentes concordam que o corpo da mulher é usado para a venda de produtos nas propagandas de TV e 58% entendem que a mulher é representada como objeto sexual nessas campanhas.

Em dezembro de 1941 foi publicada a primeira história da Mulher Maravilha, um dos personagens de quadrinhos de maior sucesso da história. Ela tinha força sobre-humana e uma origem envolta em mistérios, em mais de um sentido. Nos quadrinhos, a Mulher Maravilha vem de uma ilha onde mulheres vivem isoladas. Mas, na vida real, a
origem da personagem envolve feminismo, amarração erótica e uma relação a três. COMO ASSIM?

Então, na biografia mista de Marston (criador da personagem) e da Mulher Maravilha, Jill reconta as circunstâncias da criação dessa heroína. Defende que ela é fruto do movimento feminista que explodiu nos Estados Unidos nas décadas de 1910 e 1920. E diz que Marston não precisou procurar muito ao buscar inspiração para criar a personagem, pois usou como referência as mulheres com quem vivia, suas predileções sexuais e intelectuais. Outras referências da vida de Marston são visíveis na personagem. Como Sadie, Diana era uma “amazona” – mas uma amazona da mitologia grega. Como Olive, Diana usava braceletes – mas para desviar balas. Marston queria transformar Diana em uma peça de propaganda e educar os meninos para viver num novo mundo, com mulheres fortes.

Muitos acadêmicos acreditavam no poder de influência dos quadrinhos sobre as crianças, por isso, Marston achava que, ao escrever a Mulher Maravilha, prestava uma contribuição importante ao feminismo. O psicólogo também acreditava que, para sua contribuição funcionar, o sexo devia fazer parte da receita. Ele pediu que a Mulher Maravilha fosse desenhada com base nas pin-ups que Alberto Vargas publicava na revista masculina Esquire: esguias, com seios fartos e cabeleira vistosa.

Diana vivia laçando adversários e sendo amarrada por eles em posições exóticas, com cordas e correntes – ecos das preferências sexuais de Marston, adepto de amarração erótica, ou bondage.

A personagem era um tipo de cavalo de Troia: infiltrava-se nos lares americanos em histórias menos violentas para ensinar às crianças que “o ideal de superioridade masculina e o preconceito contra as mulheres”. Mas levava também uma pitada de sensualidade. Talvez a propaganda feminista de Marston não tenha bastado. E, como era de se esperar, “Super-heróis são ótimos batendo em vilões, mas são péssimos lutando por igualdade.” 

E na luta por igualdade, temos muitas questões ainda não debatidas nas histórias em quadrinhos e iremos discutir mais alguns tópicos importantes nas próximas publicações.

Até mais e obrigado pelos peixes!
Beijo beijo, tchau tchau!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário